Para Capalbo, (1991, p. 26), “a fenomenologia visa mostrar e descrever, com rigor,
negando-se, pois – como na tradição racionalista –, a ser demonstrativa ou reconstrutivista dos
fenômenos. Visa a descrever os fenômenos tais como são vividos, tais como se mostram em si
no mundo da vida”. Noutras palavras, ela não pretende explicá-los e demonstrá-los, mas
compreendê-los, buscando na descrição um significado. Ela adentra no Serviço Social durante
os seminários de Sumaré (1978) e Alto da Boa Vista (1984), negando o positivismo e o
marxismo. Aqui, a profissão é concebida como uma intervenção inscrita na atuação psicossocial
por meio do diálogo. (NETTO, 2005).
Sobre trabalho precoce e criança e adolescente em situação de rua, o materialismo
histórico e dialético apareceu predominantemente. Contudo, em uma das discussões sobre
trabalho precoce, notamos a presença do estrutural-funcionalismo. São citados alguns aspectos
macrossociais, como: a globalização da economia, recessão, desemprego e ajustes econômicos.
O trabalho infantil é visto, ao mesmo tempo, como expressão de desigualdade e ausência de
proteção integral. Nesse debate, a ênfase recai sobre a carência ou precarização da oferta da
educação básica que “expulsa os pobres” e “os menos persistentes” do espaço escolar. Para
combater o trabalho infantil, o caminho apresentado é “criação de ações culturais, lúdicas e
formativas que vão além do ensino formal” para “garantir um cidadão trabalhador, crítico,
criativo e integrado à sociedade de seu tempo”. (CARVALHO, 1997, p. 112).
Já no materialismo histórico-dialético, crianças e adolescentes submetidos ao trabalho
são vistos como sujeitos que subsidiam a renda familiar, diante da pobreza e do desemprego.
Para eliminar o trabalho infanto-juvenil, a proposta é erradicar esse contexto determinante, mas
essas discussões não são aprofundadas pela via do recurso à obra marxiana. No debate da
criança e do adolescente em situação de rua, esses são concebidos como parte do lupem
proletariado, a partir de Marx. Do ponto de vista de sua resolutividade, aponta-se uma
radicalidade democrática, a construção da cidadania e uma nova ordem social. (SILVA, 1993).
A década de 1990 nos indica que há, nessas discussões, um processo de assimilação na
incorporação desse método. Se, de um lado, existe uma análise que não recorre aos escritos
originais de Marx, mas revela quais são as determinações materiais do trabalho infantil, há, por
outro lado, uma análise que se remete à fonte original, entretanto, ainda coloca a resolutividade
da situação de rua no âmbito da cidadania e da democracia de uma nova sociedade. Tal análise
pode ter sido muito influenciada pela promulgação da Constituição Federal de 1988 e a intensa
aspiração por uma sociedade baseada na concretização de direitos constitucionais.
Foi nessa direção que um novo século se iniciou e as discussões voltadas para a infância,
adolescência e juventude se ampliaram, majoritariamente, no âmbito dos direitos, políticas e