História e extraterritorialidade do complexo cafeeiro capixaba

uma proposta de interpretação

Autores

  • Rogério Naques Faleiros

Palavras-chave:

Complexo cafeeiro, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Extraterritorialidade

Resumo

Este artigo objetiva uma melhor qualificação da noção de “complexo econômico cafeeiro”, desenvolvido no âmbito da Escola de Campinas, notadamente por Wilson Cano, vislumbrando o entendimento sobre a especificidade da formação econômica do Espírito Santo. Argumenta-se que ocorreu, no passado, uma especialização relativa ao nível da produção, sendo que as atividades mais rentáveis ligadas ao crédito, classificação dos grãos, exportação e comercialização foram concentradaspelas elites mercantis do Rio de Janeiro e da Zona da Mata mineira, notadamente de Juiz de Fora. Na sequência apresentam-se algumas tentativas da elite capixaba visando a “territorialização” desta formação econômica, ou seja, a submissão do movimento da acumulação de capitais, no âmbito da economia cafeeira, à elite local. A noção de territorialidade aqui apresentada revela o intento da elite capixaba em dominar as diferentes regiões do estado a partir de: a) tentativa de desbancar a elite fluminense; b) controlar o avanço da fronteira agrícola sobre os desertos demográficos ao norte; c) centralizar a distribuição de bens, serviços e créditos no estado a partir de Vitória e d) estabelecerconexão direta entre a capital capixaba e o comércio internacional, viabilizando a construção de um dos principais portos cafeeiros do mundo. A noção de territorialidade envolve também o estabelecimento de nexos políticos, de monopólio da violência e de tributação em regiões até então “desterritorializadas”, ou seja, não tocadas pela acumulação capitalista. Nestes termos, a trajetória do desenvolvimento da cafeicultura no estado ocorre simultaneamente a uma estratégia de constituição de uma formação econômica que dê vazão aos interesses de uma elite marginal no cenário nacional, que opera uma instrumentalização do estado com vista à realização de seus desígnios.

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Publicado

2019-05-27

Edição

Seção

Artigos