Utilização da cultura e do patrimônio para o desenvolvimento da oferta turística: Ensaio acerca de trilhas e caminhadas de longa distância, com os casos do Caminho de Sabarabuçu (Brasil) e do Caminho da Muralha de Adriano (Inglaterra)

 

André Fontan Kohler * 

______________________________________________________________________________________________ Resumo

objeto de estudo são as trilhas e caminhadas de longa distância, tomando, para fins de discussão, crítica e exemplo, iniciativas já implantadas no Reino Unido e Brasil. Objetivam-se listar e comentar os principais elementos que formam essas trilhas, e discutir quais são os cuidados que seu proponente precisa ter para sua criação, promoção e manutenção. Esses elementos são abordados nos seguintes grupos: i) acesso, meios de hospedagem, alimentos e bebidas e firmas especializadas; ii) conservação e sinalização, interpretação patrimonial e infraestrutura; e iii) sazonalidade turística e festas e eventos. O trabalho foi escrito e estruturado a partir, principalmente, da experiência pessoal do autor, como um ensaio. Sua natureza é normativa; considera-se que a implantação de trilhas de longa distância é uma boa alternativa para vários municípios e regiões brasileiros. Destacam-se quatro considerações finais: (1) essas trilhas permitem aproveitar turisticamente localidades que, de outra forma, permaneceriam o destino de um punhado de aficionados; (2) não basta apenas montar a trilha; cumpre sempre fazer sua conservação e manutenção, o que não tem ocorrido no Brasil; (3) a trilha pode e deve ser promovida com elementos que aumentem sua atratividade, a exemplo de festivais e centros de interpretação patrimonial; (4) o patrimônio cultural e natural da trilha são elementos importantes, mas muitos turistas e visitantes interessam-se por elementos considerados banais para os habitantes locais, por exemplo, um campo com criação de ovelhas.

 

Palavras-chave: Turismo Cultural; Trilhas De Longa Distância; Caminhada; Reino Unido; Brasil.

 

USE OF CULTURE AND HERITAGE TO ENHANCE THE TOURIST SUPPLY: ESSAY ABOUT LONG-DISTANCE TRAILS AND HIKES, WITH THE CASES OF CAMINHO DE SABARABUÇU (BRAZIL) AND HADRIAN’S WALL PATH (ENGLAND)

______________________________________________________________________________________________ Abstract

We study long-distance trails implemented in United Kingdom and Brazil. We aim to list, comment and discuss the principal elements of its creation, promotion and maintenance. The elements addressed are the following: i) access, accommodation, food and beverage and specialized companies; ii) preservation and signaling, heritage interpretation and infrastructure; and iii) tourist seasonality and festivals and events. The article has, in part, a normative nature; we consider the creation of long-distance trails is a good alternative for several Brazilian cities and regions. We highlight four points: (1) these trails allow the development of leisure and tourism in places that, otherwise, would remain the destination of a small bunch of enthusiasts; (2) it is not enough to implement the trail; it is necessary to preserve and maintain it – this is not occurring in Brazilian cases; (3) the long-distance trails should be promoted with elements that enhance its tourist appeal, such as festivals and heritage centers; (4) cultural and natural heritage are important, but many tourists and visitors are motivated to see and enjoy elements that are seen as banal by the local people, such as sheep grazing in the fields.

 

Keywords: Cultural Tourism; Long-Distance Trails; Constitutional; United Kingdom; Brazil.

 

Uso de la cultura y el patrimonio para el desarrollo de la oferta turística: Ensayo sobre senderos y caminatas de larga distancia, con los casos del Caminho de Sabarabuçu (Brasil) y el Hadrian’s Wall Path (Inglaterra)

 ____________________________________________________________________________________________ Resumen

El objeto de estudio son los senderos y caminatas de larga distancia, que toman, con fines de discusión, crítica y ejemplo, iniciativas ya implementadas en el Reino Unido y Brasil. El objetivo es enumerar y comentar los elementos principales que conforman estos senderos, y discutir el cuidado que su proponente debe tener para crearlos, promoverlos y mantenerlos. Estos elementos se abordan en los siguientes grupos: i) acceso, medios de alojamiento, alimentos y bebidas y empresas especializadas; ii) conservación y señalización, interpretación del patrimonio e infraestructura; y iii) estacionalidad turística y fiestas y eventos. El trabajo fue escrito y estructurado basándose principalmente en la experiencia personal del autor; este es un ensayo. Su naturaleza es normativa; se considera que la implementación de senderos de larga distancia es una buena alternativa para varios municipios y regiones brasileños. Se destacan cuatro consideraciones finales: (1) estos senderos le permiten disfrutar de lugares turísticos que de otro modo seguirían siendo el destino de un puñado de aficionados; (2) no es suficiente simplemente establecer el camino; siempre debe conservarse y mantenerse, lo que no ha sucedido en Brasil; (3) el sendero puede y debe promoverse con elementos que aumenten su atractivo, como festivales y centros de interpretación del patrimonio; (4) el patrimonio cultural y natural del sendero son elementos importantes, pero muchos turistas y visitantes están interesados en elementos que los lugareños considerarian comunes, como un campo con cría de ovejas.

 

Palabras clave: Turismo Cultural; Senderos De Larga Distancia; Caminando; Reino Unido; Brasil.


 

1 INTRODUÇÃO  

 

Murta e Goodey (2002, p. 36-37) bem descrevem em o que consistem as trilhas e roteiros turísticos:

 

Uma trilha é uma rota, já existente ou planejada, que liga pontos de interesse em ambientes urbanos ou naturais. Por ser geralmente autoguiada, uma trilha deve ter algum tipo de sinalização ou interpretação ambiental para orientar o visitante e ajudá-lo a entender o que vê no caminho. A orientação é dada também por mapas e folhetos, contendo descrições e ilustrações dos principais marcos e características encontrados ao longo da trilha. [...] Como se prestam a caminhadas, as trilhas sinalizadas orientam e revelam ao visitante os principais marcos ambientais e culturais das localidades.

 

O objeto de estudo são as trilhas e caminhadas de longa distância, tomando, para fins de discussão, crítica e exemplo, iniciativas já implantadas no Reino Unido e Brasil. Apesar de a literatura ainda não ter convergido para uma definição de ampla aceitação e citação, considera-se, aqui, que a trilha e caminhada de longa distância precisa apresentar conjuntamente três características, a saber: a) ser formalizada enquanto tal, por parte do poder público, iniciativa privada e/ou organização não governamental; b) ter uma estrutura mínima que permita aos andarilhos, turistas e visitantes sua realização; e c) apresentar uma extensão que requeira, para a maior parte das pessoas, pelo menos uma pernoite para sua conclusão.

Objetivam-se listar e comentar os principais elementos que formam uma trilha de longa distância, e discutir quais são os cuidados que seu proponente precisa ter para sua criação, promoção e manutenção.

O trabalho tem, em parte, natureza normativa; considera-se que a implantação de trilhas de longa distância é uma boa alternativa para vários municípios e regiões brasileiras, inclusive como complemento à oferta turístico-cultural já estabelecida. Toma-se o caso das trilhas nacionais (national trails) da Inglaterra e País de Gales como base de práticas que podem e devem ser “implantadas” no Brasil, sempre com as devidas adaptações.

O trabalho foi escrito e estruturado a partir, principalmente, da experiência pessoal do autor, que, desde 2010, já percorreu sete das dezesseis trilhas nacionais da Inglaterra e País de Gales e três trilhas de longa distância no Brasil. Trata-se de um ensaio, o que explica a falta de uma seção devotada à revisão de literatura analítica, histórica e de estudos de caso.

Para a Inglaterra e País de Gales, toma-se o caso do Caminho da Muralha de Adriano (Hadrian’s Wall Path), que acompanha um dos mais extensos remanescentes do Império Romano e Patrimônio Mundial da Humanidade – a Muralha de Adriano. Para o Brasil, a escolha recaiu sobre o Caminho de Sabarabuçu, parte da Estrada Real, no Estado de Minas Gerais.

Dessa maneira, a metodologia de pesquisa baseia-se na experiência pessoal do autor, como usuário de trilhas nacionais de longa distância. Isso é enriquecido por várias experiências participantes e não participantes em grupos de caminhadas e diálogos e entrevistas com outros andarilhos; para a Inglaterra e País de Gales, membros de organizações não governamentais e funcionários públicos de autoridades locais foram entrevistados. Em todo caso, trata-se de um trabalho de forte cunho autoral, que se centra em um tipo de objeto de estudo ainda pouco abordado na literatura de turismo.

O trabalho não devota a mesma atenção para os dois casos; o foco principal é no Caminho da Muralha de Adriano, secundado pelo Caminho de Sabarabuçu. Isso se deve à avaliação de que as trilhas nacionais da Inglaterra e País de Gales já são consolidadas na oferta turística, contam com recursos orçamentários regulares, e têm um quadro claro de responsabilização – governo central, autoridades públicas locais e organizações não governamentais. Infelizmente, esses pontos ainda precisam muito avançar no Brasil.

Cumpre destacar que ainda há notada carência de literatura acerca de trilhas de longa distância, tanto no Brasil quanto no exterior. A busca em bases de dados nacionais e internacionais mostra que há poucos artigos sobre essa parte da oferta turística. Por exemplo, Holden (2003) traz os resultados acerca das atitudes e opiniões de andarilhos em Annapurna, no Nepal, sobre o meio ambiente, as atividades de trekking e seus impactos, mas não é possível saber quantos dos entrevistados estavam a fazer trilhas de longa distância.

Bell (2010) tem como objeto de estudo a Muralha de Adriano; ela busca compreender de qual maneira residentes locais, visitantes e turistas têm o que ela chama de “experiências patrimoniais” (heritage experiences). Contudo, Bell (2010) não tem interesse particular nos indivíduos que percorrem a trilha de longa distância. Dos três casos utilizados para representar sua amostra de pesquisa, nenhum era um andarilho.

No Brasil, a Estrada Real ainda não tem recebido a atenção que merece, dada sua extensão e seu grande potencial turístico. Luz, Carrieri e Pereira (2014) reconhecem que o projeto tem aumentado o turismo em muitas cidades integrantes da Estada Real, por mais que os proprietários e gerentes de hotéis e pousadas entrevistados reclamem, principalmente, da insuficiente divulgação turística do projeto e da falta de envolvimento e de coordenação entre o poder público, associações locais e organizações não governamentais.

 

2 CAMINHO DE SABARABUÇU E CAMINHO DA MURALHA DE ADRIANO: BREVE INTRODUÇÃO

 

No Brasil Colônia (1500-1822), o termo “Estrada Real” era utilizado para designar caminhos e estradas abertos pela administração colonial, tendo denominação oficial e vínculo com atividade econômica de interesse da metrópole – e, às vezes, exclusividade de utilização definida por Portugal.

No último quartel do Século XVII, foi criado oficialmente o primeiro caminho entre Paraty, então importante porto exportador, e Ouro Preto, centro da principal região mineradora do país. O que se denomina, atualmente, como Estrada Real é o conjunto de quatro caminhos utilizados durante o período colonial. Dentre eles, o Caminho de Sabarabuçu (Cocais-Glaura) conta com 160 quilômetros; tratava-se de uma rota alternativa destinada a alcançar os picos de algumas serras e montanhas, que reluziam ao Sol.

Em 2001, o Projeto Estrada Real foi feito pelo Instituto Estrada Real (IER), com o apoio da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais. A ideia era aproveitar turisticamente a região por onde passavam esses quatro caminhos. Entre as ações empreendidas, o instituto procurou criar um calendário de festas e eventos, recuperar e promover o artesanato e os alimentos e bebidas típicos da região, e realizar o inventário turístico dos municípios. Dentre as centenas de cidades, distritos e vilas e vilarejos, encontram-se as principais cidades patrimoniais mineiras (Ouro Preto, Mariana, Sabará, Diamantina etc.)[i].

Apesar de serem raros os trechos remanescentes do calçamento original da estrada, o IER aproveitou para sinalizar, planilhar e promover os quatro caminhos – o Caminho de Sabarabuçu foi o último a ser formatado – como trilhas de longa distância, a pé, de bicicleta, a cavalo e por veículo 4x4.

No Brasil, mais duas trilhas de longa distância destacam-se. Nos estados de São Paulo e Minas Gerais, o Caminho da Fé origina-se, por meio de diferentes ramais, mas tem um único destino – o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida. Em Santa Catarina, o Consórcio Intermunicipal do Médio Vale do Itajaí criou o Circuito do Vale Europeu Catarinense, cuja trilha circular tem cerca de 200 quilômetros, e passa por nove municípios.

Na Inglaterra e País de Gales, há 16 trilhas nacionais, sob a responsabilidade da Natural England, uma agência do governo central. Segundo o sítio eletrônico dedicado a elas (https://www.nationaltrail.co.uk), anualmente, as trilhas nacionais recebem 83 milhões de visitas, mas apenas 80.000 indivíduos completam todo o trajeto de pelo menos uma delas. 

A Natural England possui um gestor responsável por cada uma das trilhas nacionais; ela também estabelece os padrões para sua administração e controle, por parte das autoridades públicas locais e organizações não governamentais (NATURAL ENGLAND, 2013).

O Caminho da Muralha de Adriano foi formalmente inaugurado em 23 de maio de 2003, e se tornou a 13º trilha nacional da Inglaterra e País de Gales. Ao longo de seus 135 quilômetros – de Wallsend a Bowness-on-Solway –, ele acompanha, com pequenos desvios, o trajeto da Muralha de Adriano, construída no Século II. Dado que a trilha acompanha um bem declarado Patrimônio Mundial da Humanidade, toda intervenção de sinalização e infraestrutura, que precisou ser encravada no solo, foi acompanhada por um arqueólogo. Sua abertura, em 2003, demandou 10 anos de trabalho.

Como coloca Stedman (2011, p. 7, tradução nossa):

 

Depois que os romanos retiraram-se, a muralha caiu em desuso e deterioração. O que vemos, atualmente, como [algo] único e inspirador de arquitetura militar era, para os proprietários locais, uma fonte conveniente de pedras já trabalhadas para suas próprias construções. A muralha é parte do tecido [arquitetônico] de muitas das principais construções feitas após a saída dos romanos [da região]: [...] todos elas belas e historicamente importantes edificações.

 

A Figura 1 mostra uma taverna (public housepub) que, localizada perto da muralha, serve como meio de hospedagem para alguns de seus andarilhos.

Assim como várias outras construções de Corbridge, a taverna foi feita com o reaproveitamento de pedras da muralha. Isso é utilizado na promoção turística de Corbridge; há duas relativamente curtas trilhas patrimoniais sugeridas pela localidade, que percorrem estruturas arquitetônicas que reaproveitaram o material utilizado na construção da muralha.

 


 

 

 

Figura 1. The Golden Lion, Corbridge.

Fonte: autor, 03 de abril de 2017.

 


 

3 ACESSO, MEIOS DE HOSPEDAGEM, ALIMENTOS E BEBIDAS E FIRMAS ESPECIALIZADAS

 

A implantação de uma trilha de longa distância começa com uma questão básica, a saber: como se dará o acesso à trilha (ida) e o retorno para o local de origem (volta)? Dado que quase nenhuma delas é circular, essa questão não é tão simples como parece à primeira vista. Outro ponto é que alguns usuários farão a trilha a cavalo ou de bicicleta – como, então, garantir que eles consigam lá chegar? Por fim, apenas uma minoria de usuários fará a trilha do início ao fim, de uma só vez. Como planejar, ao longo da trilha, vários pontos de início e de fim de trajeto? Como atender o andarilho que, no meio da trilha de longa distância, planeje caminhar durante apenas um dia, sem pernoite?

A maior parte das trilhas de longa distância costuma partir de um destino turístico consolidado, a fim de aproveitar a infraestrutura existente e os negócios turísticos lá instalados. A Estrada Real beneficia-se do fato de três de seus quatro caminhos terem, em uma de suas pontas, Ouro Preto, considerada uma das principais cidades patrimoniais brasileiras. Uma das pontas do Caminho de Sabarabuçu fica em Glaura, um dos mais antigos distritos de Ouro Preto.

No Caminho da Muralha de Adriano, uma das pontas – formalmente considerada o início da caminhada – fica relativamente perto da área central de Newcastle-upon-Tyne, um dos centros de condado metropolitano da Inglaterra.

Ainda pensando no acesso e no início da trilha, outras preocupações impõem-se, a saber:

 

  1. para quem utiliza o transporte coletivo – no Brasil, quase sempre o ônibus –, é possível levar a bicicleta junto consigo?
  2. para quem usa meios de transporte particulares, é possível chegar e estacionar perto do início e do fim da trilha, bem como de pontos localizados no meio do trajeto? Aqui, a questão da segurança é fundamental;
  3. como marcar o início da trilha? Cumpre construir ou aproveitar uma estrutura para recepcionar os andarilhos e/ou marcar o início do trajeto?

 

No Caminho da Muralha de Adriano, o início é marcado pelo centro de interpretação patrimonial Segedunum, que contempla a reconstrução de um trecho da Muralha de Adriano, bem como a exposição de achados arqueológicos, inclusive as fundações de termas romanas. Além disso, o centro traz uma exposição acerca da muralha, ajudando o andarilho a compreender sua função e as causas de seu abandono, bem como a vida cotidiana na que era a mais distante fronteira do Império Romano. A Figura 2 mostra um elemento aparentemente banal, mas valorizado por muitos andarilhos:

 


 

Figura 2. Segedunum – loja.

Fonte: autor, 01 de abril de 2017.

 


 

O centro de interpretação patrimonial Segedunum conta com cafeteria e pequena loja de lembranças; ao lado de camisas, canecas e canetas – produzidas em série –, há amplo sortimento de livros, mapas e guias turísticos sobre o caminho e a muralha. Nessa e em outras trilhas nacionais, praticamente todos os andarilhos encontrados pelo autor utilizavam algum tipo de material impresso. Infelizmente, no Brasil, há certa exiguidade de materiais sobre as trilhas de longa distância.

Outra pergunta importante é a seguinte: onde o andarilho se hospedará? Há as seguintes opções:

 

  1. utilização de barracas, seja livremente (wild camping) ou em um acampamento ou terreno cedido por alguém;
  2. casas de família, adaptadas para receber andarilhos;
  3. meios de hospedagem voltados a andarilhos e peregrinos, geralmente com banheiros compartilhados;
  4. hotéis e pousadas para os quais, em muitos casos, os andarilhos representam uma pequena fração de sua clientela[ii].

 

Para economizar e/ou ter um contato mais próximo com a natureza, muitos turistas preferem acampar. Onde é proibido acampar livremente, caso da Muralha de Adriano e arredores, a criação de acampamentos oficiais supre essa demanda. Outra opção é a designação de um terreno para esse fim, por parte de uma pousada ou restaurante, no qual os andarilhos possam usar o banheiro do estabelecimento. Esse também é um modelo fácil de ser encontrado nas trilhas nacionais da Inglaterra e País de Gales.

 

A utilização de casas de família é uma boa opção para trilhas com pouco movimento e sazonalidade turística pronunciada, fatores que impedem a implantação de outros meios de hospedagem. Trata-se da opção por excelência do Caminho do Sabarabuçu e do Caminho da Fé, inclusive por permitir ao andarilho um contato mais próximo à população local e preços módicos. 

Cumpre frisar que essa opção demanda a realização de cursos de capacitação e financiamento para pequenas reformas e ampliações das casas. Lotta, Pimentel e Paulics (2005) discutem o modelo de hospedagens domiciliares, tendo em vista a existência de uma reduzida demanda que não suporta a implantação de outros meios de hospedagens, mas que permite a geração de renda à comunidade local.

Os meios de hospedagem voltados a andarilhos e peregrinos consistem em estabelecimentos com dormitórios e banheiros compartilhados, seja com ambiente familiar (por exemplo, na Pousada Nossa Senhora das Candeias, no ramal principal do Caminho da Fé) ou jovem (por exemplo, os vários albergues da juventude existentes nas trilhas nacionais da Inglaterra e País de Gales). De forma geral, eles contam com bar e restaurante e pequena loja.

Ao contrário do senso comum, muitos andarilhos preferem pernoitar em pousadas e hotéis, quando essas opções estão disponíveis. Em alguns casos, corre-se o risco de se ter um “Dilema de Tostines,” a saber: um trecho extenso não é muito frequentado por turistas e andarilhos, pois não há hotéis nem sequer pousadas, e não há hotéis nem sequer pousadas, pois há poucos turistas e andarilhos. Essa situação parece acontecer em alguns trechos da Estrada Real e em algumas trilhas nacionais menos concorridas da Inglaterra e País de Gales, a exemplo do Peddars Way.

A implantação e promoção de trilhas de longa distância podem promover a culinária local, de duas formas complementares. Primeiro, cumpre valorizar – e, às vezes, recuperar – comes e bebes tradicionais da região; pode parecer algo simples, mas é particularmente desafiador fazer com que essa oferta chegue ao turista ou andarilho. 

Na Estrada Real e no Caminho da Fé, é comum ver os andarilhos encantarem-se com produtos muito simples, mas pouco comuns nas grandes cidades, a exemplo dos doces caseiros encontrados em pequenas vendas. No Caminho da Muralha de Adriano, as cervejas locais de pequena produção do tipo ale constituem-se em atrativos à parte.

Segundo, algumas trilhas têm produtos específicos; na Inglaterra e País de Gales, algumas trilhas nacionais contam com cervejas especiais, com receitas próprias. O IER já licenciou sua marca para produtos os mais diversos, como, por exemplo, o pão de queijo.

Na Inglaterra e País de Gales, o sucesso das trilhas nacionais gerou uma série de serviços de apoio. Firmas especializadas vendem pacotes de caminhada, acompanhados ou não por guias de turismo; há também serviços de coleta de bagagem, de modo que o andarilho possa caminhar carregando pouco peso. Isso ainda está pouco desenvolvido no Brail – talvez se trate de um “Dilema de Tostines.” Cumpriria a uma organização não governamental implantar essas ações, em um projeto-piloto, a fim de medir a reação do público.

 

4 CONSERVAÇÃO E SINALIZAÇÃO, INTERPRETAÇÃO PATRIMONIAL E INFRAESTRUTURA

 

As trilhas de longa distância podem ser traçadas de várias formas diferentes; seguem, abaixo, algumas das mais comuns:

 

  1. por meio de um tema ou motivo, a exemplo do Caminho da Fé, cujo ponto final é o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida – a temática religiosa está presente em toda a promoção turística do caminho;
  2. por meio do aproveitamento de antigos caminhos e estradas que caíram em desuso, a exemplo dos quatro caminhos da Estrada Real. Por mais que o Peddars Way aproveite uma antiga rota de procissões e peregrinações, sua promoção turística centra-se na ancestralidade do caminho, não recorrendo ao significado religioso;
  3. pelo aproveitamento das paisagens mais vistosas e dos bens culturais mais importantes de uma determinada região, de modo a maximizar a atratividade da trilha. Trata-se do caso do Cotswold Way, na Inglaterra, que percorre um trecho particularmente atrativo da Área de Beleza Natural Excepcional de Cotswolds (Cotswolds Area of Outstanding Natural Beauty);
  4. pela referência a uma obra ou construção icônica, a exemplo do Caminho da Muralha de Adriano. Seguindo a atual fronteira entre a Inglaterra e o País de Gales, o Caminho do Dique de Offa (Offa’s Dyke Path) segue, por 285 quilômetros, os remanescentes da obra feita pelo Rei Offa, no Século VIII, para proteger o Reino da Mércia de ataques provindos do país vizinho.

 

Os três elementos mais básicos de uma trilha em si – abertura, demarcação e sinalização – apresentam alto grau de complexidade. Impõem-se algumas perguntas básicas, para cada um deles. Primeiro, para quem será feita a trilha? Há algum público que precise de desvios, em um ou mais trechos da trilha? É comum que determinada trilha seja usada por dois ou mais públicos – andarilhos, ciclo turistas, cavaleiros etc. Em alguns momentos, é possível que conflitos surjam. No Caminho de South Downs (South Downs Way), há vários desvios para quem percorre a trilha a cavalo, dada a estreiteza do caminho.

Segundo, quem é responsável pela sinalização? Quem é responsável pela conservação e manutenção da trilha em si? Como implantar e manter a infraestrutura necessária e eventual mobiliário na trilha patrimonial? A conservação e manutenção da trilha são atividades essenciais, mas que, em alguns casos, não são devidamente feitas. Infelizmente, essa parece ser a regra no Brasil, a julgar pelos problemas que muitos caminhos enfrentam. No Caminho de Sabarabuçu, o trecho entre Sabará e Caeté – duas importantes cidades patrimoniais mineiras – tornou-se intransitável, devido à falta de controle e poda da vegetação. Para compensar isso, foi instituído um desvio, totalmente em estrada de terra e com longo trecho sem demarcação.

Isso se deve à falta de uma responsabilização clara acerca de quem é responsável pela trilha e de recursos econômico-financeiros regulares; infelizmente, as trilhas de longa distância acabaram por cair em uma metanarrativa muito facilmente aplicada aos projetos públicos de turismo, no Brasil – é mais fácil fazer de o que manter o que já foi feito.

Na Inglaterra e País de Gales, a responsabilização pela gestão, conservação e promoção das trilhas nacionais é da Natural England; na prática, a organização delega essas funções para parcerias locais, que contam com autoridades públicas locais, organizações não governamentais e voluntários. A Natural England concede, anualmente, recursos financeiros para a gestão, conservação e promoção das trilhas nacionais. Ela estabelece os padrões mínimos de qualidade – para receber os recursos, as parcerias locais precisam atingi-los. Ao mesmo tempo, a agência consegue alavancar o dispêndio nas trilhas – para cada R$ 3,00 transferidos, ela cobra uma contrapartida de, no mínimo, R$ 1,00, por parte das parcerias locais.

Isso é particularmente importante, no que se refere à sinalização turística e à infraestrutura da trilha. No caso do Caminho da Fé, a marcação em tinta amarela some frequentemente, em vários de seus trechos, por meses a fio. Na Estrada Real, os marcos de sinalização e informação, feitos em concreto, ainda se encontram razoavelmente bem preservados. Contudo, o próprio material do IER adverte que muitos são de difícil visualização, pois as prefeituras municipais deixam o mato crescer.

A Figura 3 mostra a combinação de sinalização de direcionamento com a montagem de infraestrutura específica para o Caminho da Muralha de Adriano.

A foto reúne as três sinalizações de direcionamento presentes no caminho, a saber: i) o símbolo das trilhas nacionais, em preto e branco; ii) as pequenas placas circulares pregadas em postes, cercas e outros elementos, com a seta indicativa de aonde o andarilho deve ir; e iii) pequenos postes de madeira, nos quais as placas apontam a direção do caminho e a distância até uma localidade ou ponto de interesse. Ao longo de todo o trajeto, escadas – como a mostrada na foto –, degraus e rampas permitem que o andarilho reduza seu impacto sobre o meio ambiente e sobre as plantações e criações locais.

Além da sinalização de direcionamento, as trilhas patrimoniais precisam contar com materiais de interpretação patrimonial. E é nesse ponto que a discrepância entre o Caminho da Muralha de Adriano e o Caminho de Sabarabuçu é particularmente marcante. São raríssimos os materiais de interpretação patrimonial no Caminho de Sabarabuçu, seja na trilha em si ou nas localidades atravessadas. 

 

Figura 3. Caminho da Muralha de Adriano – infraestrutura e sinalização

Fonte: autor, 03 de abril de 2017.

 

Apesar de os marcos trazerem informações históricas sobre cada local, de forma muito reduzida, não é possível ter a noção dos principais fatos que ocorreram no caminho, nem sequer mais bem compreender e interpretar o patrimônio cultural. Em alguns distritos e povoados atravessados pelo Caminho de Sabarabuçu, é total a falta até de informações simples sobre o local e suas principais atrações.

No Caminho da Muralha de Adriano, os turistas e andarilhos contam com extenso material informativo e de interpretação patrimonial, desde publicações impressas até sítios arqueológicos, centros de interpretação patrimonial, placas e totens. As figuras 4, 5, 6 e 7 retratam vários aspectos do material informativo e de interpretação patrimonial disponível no caminho, bem como um experimento singular feito em Vindolanda:


 

Figura 4. Muralha de Adriano – remanescentes e sinalização

Fonte: autor, abril de 2017.

 


 

Durante séculos, a Muralha de Adriano foi vista como uma fonte de pedras já trabalhadas, por parte dos fazendeiros, Igreja da Inglaterra e habitantes locais. Isso fez com que, em grande parte do caminho, haja poucos remanescentes dela, geralmente trechos da base com menos de um metro de altura. A foto mostra um dos primeiros remanescentes visíveis, para quem parte de Newcastle-upon-Tyne; o totem discorre sobre a muralha, chama a atenção para seu status de Patrimônio Mundial da Humanidade, e traz a versão do texto em outros quatro idiomas, além do inglês.

 


 

 

Figura 5. Muralha de Adriano – Walltown Crags

Fonte: autor, abril de 2017.

 


 

Por mais que a muralha seja Patrimônio Mundial da Humanidade, trata-se de uma construção marcada pela austeridade e funcionalidade; muitos de seus elementos, a exemplo dos torreões de observação e defesa, são praticamente iguais uns aos outros. O torreão de Walltown Crags é acompanhado por uma placa de interpretação patrimonial, que chama a atenção do andarilho para algumas particularidades do local e da estrutura, bem como apresenta um desenho de como teria sido a estrutura, no tempo dos romanos, e outros pontos de interesse da muralha.

 


 

Figura 6. Sítio Arqueológico de Vindolanda

Fonte: autor, abril de 2017.

 


 

No sítio arqueológico de Vindolanda, está sendo feito um interessante experimento. Houve a construção de um trecho da Muralha de Adriano, que dá uma boa ideia de como ela era, no tempo dos romanos. Contudo, não se trata de um pastiche nem sequer de um elemento meramente cenográfico. 

Na construção foram empregados materiais de construção e técnicas construtivas as mais próximas possíveis das originais. Com isso, objetiva-se compreender como se dará o desgaste da estrutura, com o passar dos anos.

 


 

 

Figura 7. Muralha de Adriano – interpretação patrimonial em Bleatarn

Fonte: autor, abril de 2017.

 


 

Na parte final do Caminho da Muralha de Adriano, não sobrou nenhum vestígio da muralha em si. Contudo, ainda hoje são visíveis o resultado da movimentação de terras feita pelos romanos, na forma de barreiras, fossos e estradas. Em Wigton, um pequeno painel conta a história de Bleatarn, onde existiu uma mina que supriu parte das pedras utilizadas na muralha. O painel conta a história do local, e ajuda a identificar as mudanças no relevo derivadas da muralha (fosso e barreiras e mineração). O painel foi produzido com a ajuda de alunos de 8 e 9 anos da Escola St Cuthbert, em Wigton. Trata-se de um interessante exemplo de participação comunitária no turismo, no que concerne a interpretação patrimonial.

Por fim, é importante que as trilhas de longa distância contem com o “planilhamento” – a descrição, trecho a trecho, das condições da caminhada e das direções que o andarilho precisa tomar. O trabalho feito para os quatro caminhos da Estrada Real é particularmente bem-feito.

 

5 SAZONALIDADE TURÍSTICA E FESTAS E EVENTOS

 

As trilhas de longa distância são particularmente sujeitas à sazonalidade turística. Na Inglaterra e País de Gales, o fim do outono e todo o inverno são períodos reservados apenas aos andarilhos mais resistentes e destemidos. Não por acaso, alguns meios de hospedagem permanecem fechados no inverno. Já na Estrada Real e no Caminho da Fé, os meses de dezembro, janeiro e fevereiro são de fortes chuvas, o que deixa muitos trechos intransitáveis.

As festas e eventos são elementos importantes, e podem ser divididos nos seguintes tipos, a saber:

 

  1. criação de eventos que se liguem à caminhada pela trilha, a exemplo de corridas, caminhadas festivas e procissões. Na Inglaterra e País de Gales, é relativamente comum autoridades públicas e organizações não governamentais promoverem caminhadas e corridas nas trilhas nacionais;
  2. criação de eventos e festivais que, sem necessariamente excluir a trilha em si, sejam baseados em seu tema, patrimônio cultural e/ou história. No Caminho da Muralha de Adriano, é possível assistir encenações da cavalaria romana, em datas pré-estabelecidas – o evento é sucesso de crítica e de público;
  3. promoção de festas e eventos diversos, sem ligação com a trilha patrimonial, mas que ajudam a combater a sazonalidade turística.

 

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Como considerações finais, cumpre chamar a atenção para quatro pontos em particular. Primeiro, as trilhas de longa distância permitem aproveitar turisticamente localidades que, de outra forma, permaneceriam o destino de um punhado de aficcionados. No Caminho de Sabarabuçu, um desvio de apenas um quilômetro leva o andarilho ao Distrito de Acuruí, no Município de Itabirito. Apesar de contar com duas igrejas centenárias e bonito conjunto arquitetônico e paisagístico, é difícil o imaginar atraindo turistas da forma como Ouro Preto, Mariana e Tiradentes conseguem. Além disso, nessas localidades, o consumo de alimentos e bebidas, hospedagem, artesanato e lembranças e serviços pessoais tende a se concentrar em pequenos comerciantes e famílias, fazendo com que o dinheiro beneficie a comunidade local.

Segundo, não basta apenas montar a trilha; cumpre sempre fazer sua conservação e manutenção. Isso depende de recursos econômico-financeiros disponibilizados regularmente e em volume suficiente, existência de padrões mínimos de qualidade para as trilhas, e clara responsabilização sobre quem é responsável por o quê. 

Infelizmente, o quadro encontrado no Brasil faz com que projetos hercúleos sejam implantados, para, poucos anos depois, padecerem por simples falta de manutenção. Infelizmente, é o que tem acontecido com o Caminho de Sabarabuçu e os outros caminhos da Estrada Real.

Terceiro, a trilha patrimonial pode e deve ser promovida com elementos que aumentem sua atratividade, sejam festivais e eventos ou centros de visitantes e centros de interpretação patrimonial. Sua complementação com trilhas circulares aumenta seu público-alvo, inclusive de turistas que pretendem caminhar apenas um ou dois dias, dentro de um conjunto de várias outras atividades e experiências.

Por fim, cumpre destacar que o patrimônio cultural e natural da trilha de longa distância são elementos importantes, mas mesmo regiões relativamente desprovidas de cidades patrimoniais, grandes monumentos e paisagens deslumbrantes podem criar, formatar e implantar trilhas de longa distância. O que, para os habitantes locais, são elementos considerados banais, pode ser, para os turistas e andarilhos, sua principal motivação de viagem.

Muitos andarilhos moram em grandes centros urbanos, e buscam, nas férias, caminhar ao ar livre, avistar amplos horizontes, e apreciar elementos da zona rural, não encontrados nas cidades. No Caminho da Muralha de Adriano, os campos com plantações e criações de ovelhas são um atrativo à parte para o andarilho, mesmo que, para o habitante local, sejam elementos banais.

Para pesquisas futuras e continuidade dos trabalhos, há dois caminhos principais a seguir. Primeiro, cumpre avaliar, por meio de metodologias já existentes, as trilhas de longa distância existentes no Brasil. Para tal, podem ser utilizados cadernos técnicos e esquemas produzidos por autoridades públicos dos Estados Unidos da América, do Reino Unido e da França, onde há já trilhas de longa distãncia bem estruturadas, bem como um conjunto de associações locais e organizações não governamentais dedicadas a elas.

Junto com o diagnóstico da situação atual, cabe, a partir disso, elaborar um plano de ação e de gestão da trilha de longa distância, inclusive com a definição clara de responsabilidades entre as entidades envolvidas.

Segundo, dado que as trilhas de longa distância já atraem certo público, inclusive o autor do presente artigo, há espaço para pesquisas que traçem o perfil desse público, bem como investiguem as motivações e as atividades realizadas durante a trilha, entre outros pontos.

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

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Fonseca, M. C. L. (2005). O patrimônio em processo: trajetória da política federal de preservação no Brasil. 2. ed. rev. ampl. Rio de Janeiro: Editora UFRJ; MinC – Iphan.

Holden, A. (2003). Investigating trekkers’ attitudes to the environment of Annapurna, Nepal. Tourism Management, 24(3), p. 341-344.

Lamnadi, Y. (2017). Ecolodges as a community-based tourism development strategy: the case of Chaouen in Morocco. Revista Latino-Americana de Turismologia, 3(1), p. 37-47.

Lotta, G.; Pimentel, P.; Paulics, V. (2005). Hospedagens domiciliares. Dicas Instituto Pólis, n. 225. Disponível em: <http://www.polis.org.br/uploads/667/667.pdf>; Acesso em: 12 abr. 2020.

Luz, T. R.; Carrieri, A. P.; Pereira, M. C. (2014). O Projeto Estrada Real. Revista Anais Brasileiros de Estudos Turísticos, 4(2), p. 54-63.

Murta, S. M.; Goodey, B. (2002). Intepretação do patrimônio para visitantes: um quadro conceitual. In: MURTA, Stela Maria; ALBANO, Celina (orgs.). Interpretar o patrimônio: um exercício do olhar. Belo Horizonte: Ed. UFMG; Território Brasilis. p. 13-46.

Natural England. (2013). The new deal: management of national trails in England from April 2013. York: Natural England.

Stedman, H. (2011). Hadrian’s Wall Path. Surrey: Trailblazer Publications.


 

 

 

 

 

 

 

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Processo Editorial / Editorial Process / Proceso Editorial 

Editor Chefe / Editor-in-chief / Editor Jefe: PhD Thiago D. Pimentel (UFJF).

Recebido / Received / Recibido: 18.05.2020; Revisado / Revised / Revisado: 29.06.2020 – 18.02.2021; Aprovado / Approved / Apobado: 15.05.2021; Publicado / Published / Publicado: 02.06.2021.

Seção revisada às cegas por pares / Double-blind peer review section / Sessión revisada por pares ciegos.


 

 

 

 

 

 

 

 


[i] Nos anos 1930, quando o conceito de patrimônio histórico e artístico nacional foi criado e institucionalizado, no Brasil, dentre o acervo presente nas várias unidades da federação, o patrimônio cultural mineiro foi elevado à condição de nacional – Minas Gerais foi eleito o berço da civilização brasileira –, secundado pelos acervos do Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco. Fonseca (2005) traz uma boa discussão a esse respeito.

[ii] Lamnadi (2017) traz um estudo de caso interessante acerca da utilização de ecolodges como meios de hospedagem, dentro de uma proposta de turismo de base comunitária no Marrocos. Na criação e desenvolvimento de trilhas de longa distância, a participação dos residentes locais é essencial, inclusive em atividades de preservação do patrimônio cultural e do meio ambiente.